Reunião na Pref. de Rio Grande   Leave a comment

Uma importante reunião foi realizada na manhã desta sexta-feira, 28, no Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE), quando a sub-comissão de capacitação profissional reuniu-se com representantes de instituições de formação e capacitação profissional da cidade. Esta sub-comissão faz parte do Grupo de Trabalho da Prefeitura, formado pelo prefeito Janir Branco com a finalidade de preparar o município para este novo momento que Rio Grande está vivendo.

O encontro foi aberto pelo secretário municipal de Cidadania e Assistência Social, Leonardo Salum, que falou na mudança de perfil da economia do município e na dificuldade da contratação de mão-de-obra especializada, e pela secretária municipal de Educação e Cultura, Sônia Tissot. Entre os presentes também estiveram o secretário municipal de Meio Ambiente, Norton Gianuca, e o presidente da Câmara Municipal, vereador Paulo Renato Mattos Gomes.

O presidente do Legislativo, vereador Paulo Renato Gomes, elogiou a formação do Grupo de Trabalho e também a reunião de hoje. Sugeriu que lideranças do Rio Grande façam uma visita à cidade de Macaé, no estado do Rio de Janeiro, para conhecer como foram os preparativos dos diversos segmentos para receber o desenvolvimento que lá está sendo registrado com a exploração de petróleo.

SOBRAM EMPREGOS, FALTA QUALIFICAÇÃO

Inicialmente foram apresentados os objetivos do Grupo de Trabalho, que está sendo coordenado pelo Chefe de Gabinete do Prefeito, Fábio Branco, e secretário para Assuntos Extraordinários, Gilberto Pinho. Foi mostrada uma relação das empresas que estão se instalando ou já encontram-se instaladas no município e destacada a necessidade da formação e capacitação da mão-de-obra entre os rio-grandinos. Os presentes comentaram que existem muitas vagas de emprego no município, mas falta gente especializada para ocupar esses cargos. Um exemplo é que as demandadas identificadas pelo Sistema Nacional de Empregos (Sine) somente para o setor de construção naval são as seguintes: NR 10 para eletricista industrial, inspetor de solda, eletricista de força e controle, encanador industrial, soldador de tubulação, auxiliar de segurança privada, encarregado de solda, encarregado de elétrica, inspetor de pintura, instrumentista de sistema, mecânico montador, supervisor de solda, eletricista montador, caldeireiro, cozinheiro industrial, departamento de pessoal, mecânico diesel, mecânico de manutenção industrial e inspetor de raio X.

A coordenadora do Sine, Dalva Arejano, falou que a agência local costuma empregar entre 150 a 200 pessoas por mês, mas que em setembro este número subiu para cerca de 700 pessoas. Existem vagas para os níveis básico, médio, superior e técnico nas mais diversas funções, mas a maioria dos candidatos não possui especialização. Observou que o curso só não basta, porque é solicitada também a prática e sugeriu que as escolas de qualificação façam convênio com essas empresas para a realização de estágios.

O secretário do Meio Ambiente, Norton Gianuca, entende que há necessidade de uma maior divulgação das vagas existentes e dos cursos oferecidos. Observou que diariamente ônibus saem de Pelotas, ás 6h da manhã, trazendo operários para a orla portuária e que semanalmente também chegam ônibus de cidades como São Leopoldo e Canoas com trabalhadores da área metal-mecânica que vem atuar no setor de construção naval. Lamentou que no Rio Grande a maioria das pessoas não demonstra interesse ou conhecimento dos cursos existentes. Citou como exemplo que recentemente foi oferecido curso para garçom e só apareceram dois interessados. Ao mesmo tempo, lembrou que afora as empresas da área naval, também estão surgindo oportunidades nas empresas terceirizadas e sistemistas. O titular da SMMA fez um alerta às escolas, especialmente da rede particular, para que se preparem com vistas a também receberem alunos das famílias que estão chegando para trabalhar e morar no município.

PRONUNCIAMENTOS E SUGESTÕES

O coordenador de Relações Empresariais do Colégio Técnico Industrial (CTI), Carlos Rodrigues Rocha, onde os cursos do Prominp estão concentrados, também lamentou que, “apesar da despesa zero para o aluno”, as vagas não estão sendo preenchidas pelo não atendimento dos pré-requisitos. Devido à falta de qualificação, o Prominp flexibilizou no que diz respeito às exigências. Passou a aceitar técnicos, depois candidatos sem formação, mas com experiência “e nem assim conseguiram”. Também constatou que muitas empresas no município se recusam a assinar a carteira do trabalhador em sua verdadeira função e isso é outro obstáculo, porque o interessado não tem como comprovar a experiência. “Mesmo assim, da meta de 260 alunos, hoje já estão formados cerca de 190”, informa Carlos Rocha. Para ele, os dois maiores problemas são a falta de formação e também a falta de postura, já que alguns dos alunos chegavam a admitir que só estavam fazendo o curso para ter direito à bolsa de R$ 600.

A representante do Sebrae no Rio Grande, Michele Dutra da Silva, concorda que a falta de mão-de-obra qualificada é um grande problema e citou que muitas empresas pequenas locais perdem contratos com os estaleiros pela falta de gente especializada.

O diretor do Senai, Luiz Carlos Ayter, salientou que não basta a conclusão de um curso para se tornar profissional. A conclusão do curso é apenas o início da caminhada. “Profissional é uma pessoa que consegue resolver as coisas com autonomia. Um soldador, por exemplo, para se tornar um master precisará de 15 anos de experiência”, declarou. Ele informou que o Senai Rio Grande já está se adaptando ao novo momento e que desde 2004 foram investidos em torno de R$ 2 milhões na unidade local. “Contamos com mais de 30 equipamentos de soldagem e já temos a primeira turma de soldadores de nível básico.
Muitos alunos nossos estão trabalhando dentro da P-53 e já estamos planejando outros tipos de investimentos que atendam as necessidades que vem por aí”, adiantou.

Representando a Furg esteve presente a profa. Leila Costa Valle, que falou na nova proposta do Governo Federal, o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). “Todos os nossos departamentos estão analisando a criação de novos cursos. O Reuni intensifica na extensão, licenciatura e engenharias, que é o que necessitamos aqui”, informou ela. Aproveitou para sugerir o retorno do curso de Engenharia Naval e também da Feira de Orientação Profissional, que era voltada para os alunos do ensino fundamental e médio, com apoio de entidades como Senai e Senac. “Nas escolas às vezes os alunos parecem meio perdidos, que não sabem o que querem”, justificou.

A coordenadora pedagógica do Colégio Alternativo, Aline Pinto Amorim, falou no alto investimento que precisa ser feito para atender os cursos do setor de construção naval. Por isso, sugeriu a realização de convênios para que a parte prática seja ministrada dentro das empresas.

Já o supervisor educacional do Sesi, Maisson Passos, ofereceu-se para prestar consultoria às escolas ou entidades interessadas na área de supervisão escolar, postura e conhecimento psicopedagógico e até mesmo proporcionar palestrantes sobre o assunto.

No final todos saíram satisfeitos da reunião. Foi salientada a necessidade de novos encontros serem realizados para troca de informações e também para que as sugestões apresentadas sejam implementadas dentro das possibilidades. As abordagens feitas nessa reunião serão levadas ao conhecimento do Grupo de Trabalho, que estará reunido na próxima terça-feira, 2 de outubro, na Sala de Reuniões da Prefeitura.

28.09.07

Publicado 19/11/2009 por mercuriomp em Notícias e política

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